Com o intuito de dar continuidade às atividades iniciadas e que vêm sendo desenvolvidas desde o segundo semestre do ano de 2016, o “Observatório do Reassentamento” busca manter seu trabalho de lidar com as questões oriundas do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, que gerou vários danos às populações das cidades afetadas pelo rejeito. As atividades que já foram desenvolvidas pelo “Observatório do Reassentamento” estão descritas nos relatórios finais dos anos de 2016, 2017, 2018 e 2019 e dizem respeito, majoritariamente, ao levantamento, com as pessoas atingidas, de problemas e demandas, e a consequente busca de soluções para tais questões relacionadas, principalmente, a seus territórios, moradias e modos de vida. Na atualidade, temos trabalhado, de forma mais direta, no município de Barra Longa, em parceria com a Comissão de Atingidas e Atingidos do município e sua assessoria técnica, a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), na elaboração de Planos Populares. Os planos populares são uma reação das pessoas atingidas às formas como a Fundação Renova – responsável pela elaboração, implementação e gerenciamento dos programas de reparação integral – atua, alijando as pessoas atingidas dos processos de reparação. Em outras palavras, os planos populares são a forma que as pessoas atingidas e sua assessoria encontraram para que a comunidade de Barra Longa se tornasse a protagonista desses processos. Nesse sentido, estamos trabalhando, através do método cartográfico – que busca a construção coletiva de conhecimento através da quebra da cisão entre o saber acadêmico e o saber das pessoas participantes das atividades -, no Plano Popular de Recuperação da Infra-estrutura Viária de Barra Longa e no Plano Popular do Reassentamento Coletivo de Gesteira – povoado que teve sua parte baixa, conhecida como Gesteria Velho, completamente destruída pelos rejeitos. Nesse âmbito temos desenvolvido Tecnologias Sociais de modo a propiciar a participação das pessoas na elaboração dos Planos Populares. Assim, o objetivo deste projeto é dar continuidade as atividades que vêm sendo desenvolvidas no âmbito dos planos populares para que possam ser concluídos através de um trabalho colaborativo com as pessoas atingidas com o intuito de contribuir para a transformação social e emancipação da comunidade. Ressalta-se, ainda, que a noção de reassentamento é compreendida a partir dos saberes das próprias pessoas atingidas e que não diz respeito apenas à reconstrução das estruturas físicas destruídas. O reassentamento implica a conjunção e a sobreposição das noções de moradia, modos de vida e territorialidades.